Lázaro e o homem rico
1 leitura: Am 6, 1a.4-7
Sl 145 (146)
2 leitura: 1Tm 6,11-16
Evangelho: Lc 16, 19-31
A Liturgia do 26º
Domingo do Tempo Comum vivencia um tema muito caro para a Igreja de Cristo: a
relação com os bens materiais e o cuidado com aqueles que são pobres. O profeta
Amós, no século VIII a.C., denuncia a postura de alguns dirigentes do povo. “Ai
daqueles que vivem comodamente em Sião”. O pecado aqui está em usar indevidamente do
lugar que ocupa para o seu próprio bem estar; seja ele sacerdote, seja ele
governante do povo. O poder que a pessoa recebe é sempre em função de um
serviço àqueles que o elegeram para tal. É fazer da sua autoridade um modo de
servir bem e melhor o seu irmão, principalmente na comunidade, na Igreja. Ter
bens e possuir riqueza não é ruim, mas não é bom quando a pessoa esbanja nas farras
no dia a dia, na cachaçada, na prostituição, usando aquilo que tem
indevidamente enquanto tem uma pessoa perto de si precisando e passando fome.
Pode observar que onde tem um rico prepotente e fanfarrão, tem um pobre a sua
volta sendo explorado. A denúncia de Amós há tantos séculos atrás, pode nos
levar a uma reflexão hoje: como está sendo utilizado pelos nossos governantes o
dinheiro público do Brasil ou, aliás, dinheiro do imposto que o brasileiro paga?
A segunda leitura da
primeira Carta de São Paulo a Timóteo, começa falando como deve ser a postura
do cristão. Primeiramente o cristão é um, ὦ ἄνθρωπε θεοῦ - ó homem de Deus, ou seja,
verdadeiramente um homem de Deus 1Tm 6,11. Este homem deve praticar a justiça,
a caridade, a fé, a piedade e perseverar na mansidão. A exortação de São Paulo
não se aplica somente na comunidade de fé, mas estende a toda a sociedade. Pois
é na sociedade que o cristão testemunha o Cristo vivo. São Paulo quer ir além,
quer que o fiel combata a fé, lute para ganhar a vida eterna e que dê testemunho
de vida. O testemunho vai ser a consequência de uma fé vivida e praticada tanto
na Igreja-comunidade de povo de Deus, como na sociedade. E como é que o cristão
deve viver hoje na comunidade? Testemunhando e professando sua fé e ao mesmo
tempo realizando boas obras. O cristão é chamado por Deus à vida eterna. E a
garantia disso será o seu testemunho de fé e a sua relação na comunidade entre
os irmãos praticando boas obras.
No Evangelho, temos a história de um
homem rico que se vestia bem e fazia festa todos os dias. E de um homem pobre cheio
de feridas que ficava no portão do rico desejando comer as migalhas que caiam
da mesa. O evangelho de Lucas não entra em detalhes dobre a vida dos dois – do
pobre e do rico –, sobre outras possíveis condutas de vida. Bom, os dois morrem
e um vai para o céu e o outro para a mansão dos mortos: inferno. O que
determina este trecho do evangelho é a riqueza e a pobreza. Para o evangelista,
os bens são dons de Deus, são graça de Deus, e quem possui deve utilizar em
favor da comunidade e não de si próprio. Se os bens são dons de Deus, dons que
Deus possibilitou uma pessoa a ter, então estes bens devem ser partilhados
entre todos. Assim todos terão a possibilidade de viver de forma digna. Deus
cria e dá ao homem para administrar. Então o ser humano é um administrador dos
bens terrenos e não um usurpador. O pobre estava ao pé do portão do rico,
poucos metros da mesa. O portão fechado significa que ele não tinha acesso às
coisas básica da vida de um homem: a comida na mesa. Ele era um excluído e um
marginalizado da vida digna. Hoje quantos portões são fechados e quantos acessos
à mesa são negados por aqueles que têm bens materiais com fartura? Neste
sentido, o pobre deve colocar sua confiança no Senhor; e o rico deve rever sua
postura na comunidade e colocar em prática a exortação de Paulo na segunda
leitura: o cristão deve praticar a justiça, a caridade, a fé, a piedade 1Tm
6,11. Voltemos nossa confiança no Senhor, pois como relata o salmo 145 (146)
desta liturgia, “o Senhor faz justiça aos oprimidos, dá pão aos que têm fome e
liberdade aos cativos”.
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