terça-feira, 1 de outubro de 2013

Lázaro no céu e o homem rico no inferno

Lázaro e o homem rico


1 leitura: Am 6, 1a.4-7
Sl 145 (146)
2 leitura: 1Tm 6,11-16
Evangelho: Lc 16, 19-31

A Liturgia do 26º Domingo do Tempo Comum vivencia um tema muito caro para a Igreja de Cristo: a relação com os bens materiais e o cuidado com aqueles que são pobres. O profeta Amós, no século VIII a.C., denuncia a postura de alguns dirigentes do povo. “Ai daqueles que vivem comodamente em Sião”.  O pecado aqui está em usar indevidamente do lugar que ocupa para o seu próprio bem estar; seja ele sacerdote, seja ele governante do povo. O poder que a pessoa recebe é sempre em função de um serviço àqueles que o elegeram para tal. É fazer da sua autoridade um modo de servir bem e melhor o seu irmão, principalmente na comunidade, na Igreja. Ter bens e possuir riqueza não é ruim, mas não é bom quando a pessoa esbanja nas farras no dia a dia, na cachaçada, na prostituição, usando aquilo que tem indevidamente enquanto tem uma pessoa perto de si precisando e passando fome. Pode observar que onde tem um rico prepotente e fanfarrão, tem um pobre a sua volta sendo explorado. A denúncia de Amós há tantos séculos atrás, pode nos levar a uma reflexão hoje: como está sendo utilizado pelos nossos governantes o dinheiro público do Brasil ou, aliás, dinheiro do imposto que o brasileiro paga?
A segunda leitura da primeira Carta de São Paulo a Timóteo, começa falando como deve ser a postura do cristão. Primeiramente o cristão é um, ὦ ἄνθρωπε θεοῦ - ó homem de Deus, ou seja, verdadeiramente um homem de Deus 1Tm 6,11. Este homem deve praticar a justiça, a caridade, a fé, a piedade e perseverar na mansidão. A exortação de São Paulo não se aplica somente na comunidade de fé, mas estende a toda a sociedade. Pois é na sociedade que o cristão testemunha o Cristo vivo. São Paulo quer ir além, quer que o fiel combata a fé, lute para ganhar a vida eterna e que dê testemunho de vida. O testemunho vai ser a consequência de uma fé vivida e praticada tanto na Igreja-comunidade de povo de Deus, como na sociedade. E como é que o cristão deve viver hoje na comunidade? Testemunhando e professando sua fé e ao mesmo tempo realizando boas obras. O cristão é chamado por Deus à vida eterna. E a garantia disso será o seu testemunho de fé e a sua relação na comunidade entre os irmãos praticando boas obras.

No Evangelho, temos a história de um homem rico que se vestia bem e fazia festa todos os dias. E de um homem pobre cheio de feridas que ficava no portão do rico desejando comer as migalhas que caiam da mesa. O evangelho de Lucas não entra em detalhes dobre a vida dos dois – do pobre e do rico –, sobre outras possíveis condutas de vida. Bom, os dois morrem e um vai para o céu e o outro para a mansão dos mortos: inferno. O que determina este trecho do evangelho é a riqueza e a pobreza. Para o evangelista, os bens são dons de Deus, são graça de Deus, e quem possui deve utilizar em favor da comunidade e não de si próprio. Se os bens são dons de Deus, dons que Deus possibilitou uma pessoa a ter, então estes bens devem ser partilhados entre todos. Assim todos terão a possibilidade de viver de forma digna. Deus cria e dá ao homem para administrar. Então o ser humano é um administrador dos bens terrenos e não um usurpador. O pobre estava ao pé do portão do rico, poucos metros da mesa. O portão fechado significa que ele não tinha acesso às coisas básica da vida de um homem: a comida na mesa. Ele era um excluído e um marginalizado da vida digna. Hoje quantos portões são fechados e quantos acessos à mesa são negados por aqueles que têm bens materiais com fartura? Neste sentido, o pobre deve colocar sua confiança no Senhor; e o rico deve rever sua postura na comunidade e colocar em prática a exortação de Paulo na segunda leitura: o cristão deve praticar a justiça, a caridade, a fé, a piedade 1Tm 6,11. Voltemos nossa confiança no Senhor, pois como relata o salmo 145 (146) desta liturgia, “o Senhor faz justiça aos oprimidos, dá pão aos que têm fome e liberdade aos cativos”.

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