Resumo da aula de cristologia
(Obs: este texto é apenas um resumo da Aula da disciplina de Cristologia. Claro que é um pensamento que engloba vários autores, mas não faço referência a nenhum, apenas algumas citações provocadas pelo professor.)
Jesus indo para Cesaréia de Filipe (Mc 8, 27ss) quer saber dos discípulos o
que dizem deles. Depois pergunta aos discípulos. Nesta pergunta, ele já está
colocando as bases da Igreja. É aos discípulos que ele faz a pergunta sobre o
que falam dele, mas depois fala perguntando a opinião deles. Falar a nossa
Igreja – pastoralmente é bom diz Bento XVI, pois dá um sentido de protagonista,
mas precisa dar um passo a mais e dizer sempre o termo “a Igreja de Jesus”! Quando
Pedro responde “tu és o Cristo...” Jesus se pronuncia e forma a sua Igreja... “tu
és Pedro e sobre esta pedra edificarei a ‘minha’ Igreja”... ou seja, a Igreja
dele. Portanto, a Igreja não é minha nem sua, mas é de Jesus. Nós somos membros
dela e alguns se tornam gerentes, administradores. A Igreja é um evento de
Salvação; e um evento carece por momento de protagonismos no tempo. O dono é
Jesus. Quando se fala de administrador entra o papel do bispo que designa párocos
em seu nome.
A
‘tria múnera’ episcopal: Ensinar, Governar e Santificar; quando um bispo não
governa, a diocese vira casa da mãe Joana. O bispo governa por si e ou pelo
vigário geral.
O administrador paroquial não é pároco. Pode ser
removível. E vigário não tem poder nenhum. O poder de ordem começa na
ordenação. O pároco tem o poder de inamovibilidade.
O poder de ordem por si só não basta, logo o bispo
dá o poder de jurisdição.
“Futurível, aquele que tendo tudo para ser alguma
coisa em alguma época, não o sendo jamais o será”.
Para não cairmos numa Cristologia de Jesus sem Cristo,
precisa manter o dado eclesial com o cristológico, porque a igreja é o lugar da
fé. O dado eclesial não pode negar a relação história e fé. É a fé da Igreja
que nos conduz ao Jesus da história, ao Jesus histórico, esse mesmo que inspira
a fé dos fiéis na igreja. O acontecimento histórico da salvação cumpriu-se em Jesus
de Nazaré. Enquanto a atualização plena desse acontecimento manifestou-se na fé
da Igreja primitiva. Foi essa Igreja, no auditus fidei, leu o desígnio de Deus,
que Jesus houvera lhe comunicado nos seus três anos de pregação.
Esse Cristo que está na Igreja, é chamado de
mediador universal da salvação. At 4,12.
Contudo, para alguns, esse Deus que Jesus nos
revelou não é exclusividade dos cristãos. Existe uma semente do verbo difusa e
comunicada em todo o orbi. Essa semente do verbo, segundo o diálogo
inter-religioso, está em todo ser humano, em todo planeta. O papa JPII rebate
dizendo: é preciso continuar o “ide e ensinai”. Se nós contentarmos com esse
discurso que em todo lugar está a semente do verbo e que todo ser humano pode
alcançar por essa ou por aquela via a salvação, e que todos os caminhos levam a
Deus, tudo é bom, nós a retesaremos o âmbito da missão que é essencial na
igreja. Christus Dominus diz que em todas as igrejas existem elementos salvífico,
mas a plenitude nós só a encontramos na Igreja Católica.
Na Cristologia, num determinado período a partir dos
anos 60, surgiu uma linha de pensamento em que alguém atribuiu a teoria dos
cristãos anônimos calcado no texto de Mt 25,31-46.
Deus não vai perguntar no dia do juízo final qual
era a nossa religião, qual a nossa igreja, quantos batismos foram realizados,
quantas comunhões foram distribuídas, quantas primeiras eucaristias o padre
realizou, quantas vezes o padre assistiu ao matrimonio, quantas missas foram
celebradas.
Com certeza Rahner não escreveu a teoria dos
cristãos anônimos. Porque não existe cristão anônimo? O que caracteriza o
cristão é o testemunho e quem testemunha não é anônimo. O cristão deve dizer e
testemunhar sua fé. Quem esconde a sua identidade é ladrão e salteador.
Rahner escreveu um artigo: e deu um testemunho
dizendo que sua família era cristã, mas somente um tio a ateu é que fazia tudo
que Jesus pediu em Mt 25,31-46. Segundo Rahner, de toda sua família é o mais
cristão. Com isso, alguns seguidores de Rahner elaboraram a teoria dos cristãos
anônimos. Rahner não disse nada desse gênero.
O papa JPII fez a encíclica Redemptoris missio
criticando essa teoria. A oferta da graça na ordem natural alcança todos os
homens. Existe uma graça que Deus dá, todos podem se salvar, independentemente
de conhecerem ou professarem uma fé. (Rahner) O cristianismo se entende a si
mesmo como uma religião absoluta, determinada para todos os homens, que não pode
reconhecer junto a si nenhuma outra com igualdade e direitos. Para o
cristianismo, esse pluralismo religioso é uma ameaça maior e razão de uma
quietude maior e para todas as outras religiões, porque nenhuma outra, nem
sequer o Islã se implanta a si mesma como religião, como a religião única e
unicamente válida do Deus uno e trino de maneira tão absoluta como o
cristianismo (Rahner). O islã é uma reflexão a partir da cabeça de um homem.
Enquanto o cristianismo é uma herança de fé a partir de Deus. Porque o dogma
nos ensina que Jesus é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem.
A tradição cristã tomou como ponto de referência a
fé de que Jesus veio para cumprir as promessas feitas a Israel. Ele é o
cumpridor das promessas, o mediador de toda a salvação. Salvar o povo que
perigava a espera da pátria prometida, esse é o Cristo. Já no século II os
cristãos se encontram no seio de um mundo no qual já existiam muitas religiões.
Sobretudo na comunidade de Éfeso e Corinto. Assim, Atenágoras, Justino, Clemente
de Alexandria tentaram a singularidade e a universalidade de Jesus Cristo, mas
reconhecendo em outras religiões sinais da presença do mesmo Logos que se
encarnou em Jesus. Uma observação de fundo, pode se fazer que a partir do fato,
de que a Igreja, ao longo da história, aliada ao Império Romano foi sufocando
muitas religiões, inclusive o judaísmo e assim, impondo a afirmação da
universalidade e exclusividade de Jesus no tocante a salvação. Ora, quando
Constantino e Diocleciano impuseram o cristianismo ao mundo como única
religião, foi pela força política; o Império Romano era império mesmo. O
Império Romano dominava quase todo mundo de então. Depois do império Romano
teve a experiência do império spânico com Felipe III, este dizia que no seu
reino o Sol não se punha, o sol estava sempre no alto, onde tinha uma província
da Espanha ali era dia. Primeiro o império Romano, depois o Spânico e depois o
Britânico.
No aspecto teológico, afirma-se que o batismo é
necessário para salvação, devido ao Pecado Original e a imersão do homem no
mistério de Cristo único salvador. Primeira afirmação teológica dessa
universalização, desse expansionismo do cristianismo que se serve do Pecado Original
para afirmar: todo homem nasce em pecado, em poder do mal, logo é preciso que
batizemos para que ele restaure a sua dignidade primeira. Quem faz isso é a
Igreja, daí Belarmino estabelecer a forma esdruxula: Extra ecclesiam nulla salus.
O que a bíblia At 4,12 diz é que fora do Cristo não
há salvação, o que o pessoal do diálogo inter-religioso diz é que todo lugar existe
a semente do verbo, portanto existe salvação. O que a Christus Dominus diz é
que todas as igrejas têm meios salvífico, mas
somente a Igreja tem a plenitude de salvação. A universalidade de Cristo
foi assim interpretada em chave eclesiocêntrico; um eclesiocentrismo exacerbado
é a negação da proposta salvífica de Deus. Porem, aqueles que defendem o
diálogo inter-religioso afirmam: quem melhor alcança não é o eclesiocentrismo,
mas o Reinocentrismo. Aí surgiu, a partir dessas teorias, uma compensação a
essa rigidez do eclesiocentrismo como batismo de desejo, fé implícita, como
suplências à compreensão da fé em sentido próprio ou a recepção do batismo. Nós,
católicos, admitimos e podemos admitir o Cristocentrismo porque Cristologia é
teologia, Cristocentrismo é em suma teocentrismo. Os teólogos do diálogo inter-religioso
preferem em vez de um teocentrismo cristocéntrica ou um Cristocentrismo
teocêntrico, um Reinocentrismo: é o reinado de Deus que conta, é amplo, alcança
a todos. Mas Cristocentrismo eclesiocêntrico é um fechamento a universalidade
de Deus.
Um problema a ser considerado: hoje existe um avanço
das tecnologias modernas, das comunicações abundantes e das sofisticadas
informações, do sofisticado e diversificado saber das línguas e porque não promover
um avanço das religiões? Não podem ser uma proposta universal de salvação, porque
reduzir a proposta de salvação de Deus a essa ou aquela religião? Pergunta o
pessoal do diálogo inter-religioso.
O romanismo, o papado, o eurocentrismo, o
catolicismo não são mais hegemônicos. Acabou
a hegemonia da Igreja, do papado, da Europa, do ocidente. Hoje tem forças se
enfrentando. O islã não é ocidental é oriental, não podemos mais falar de uma
civilização ocidental quando tem uma civilização mundial. O cristianismo só tem
força no ocidente. O islamismo está entrando no ocidente com rapidez. O
pluralismo religioso é uma realidade que veio para ficar. Devemos contemplar
seu lado positivo a uma mudança de paradigma na sociedade e nas comunidades
crentes que não nos deixam pensar apenas dentro dos estreitos limites da
racionalidade ocidental; existe outra ratio que não a ocidental. A problemática
maior que a teologia do pluralismo religioso levanta hoje diz respeito,
sobretudo, ao dogma da encarnação que confere à pessoa de Jesus Cristo a
característica de universalidade e unicidade em ordem à salvação da humanidade.
Parece que a salvação está somente em Jesus. Ele é o único salvador e, sendo o
único é universal. Para todo mundo.
A encarnação Jo 1,14
seria – segundo essa teoria – uma expressão não objetiva, mas metafórica,
poética, mitológica que pretende somente simplificar o amor de Deus que se
encarna em homem e mulheres cujas vidas reflitam a ação de Deus. Ainda neste
raciocínio, sendo o verbo maior que Jesus, pode encarnar-se também nos
fundadores de outras religiões. O verbo é uma coisa, Jesus histórico é outra. O
verbo encarnou-se em Jesus, mas pode encarnar-se em outras pessoas ao longo da
história. Pergunta: Jesus está todo no Logos? Jesus contém a plenitude do Logos? Ou Jesus é apenas uma partícula do Logos Há ainda outra forma de
argumento, sendo o Espírito Santo a ação de Deus, salvífica e universal, essa
não nos levaria necessariamente a fé em Jesus Cristo, porque se o Espírito é de
Deus e pode pairar onde e quem quiser, não somente em Jesus.
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