Dom do Temor de Deus
O Espírito Santo é
Aquele que nos ajuda no processo de santidade. Ao Espírito Santo mesmo não
podemos vê-l’O, mas podemos ver a sua manifestação em nossas vidas. Cristo o
chama de Paráclito, que significa Advogado, Defensor, Conselheiro. Ele é o
Espírito da Verdade que o Pai envia para nós a pedido de Jesus Cristo (Jo 14,
15-31).
O Temor de Deus é um
dom do Espírito Santo que nos é dado para uma relação filial e, ao mesmo tempo,
nos leva a uma aproximação amorosa com Deus. Por esse dom, tomamos consciência
do que é o pecado e, livremente,
procuramos evita-lo. O temor de Deus
é diferente do medo de Deus. O medo nunca é saudável, ao contrário, pode levar
à doença: fobia de Deus. Por isso não podemos dizer nuca para uma criança que
Deus castiga, Deus briga. Temor em alguns casos pode até significar medo, de
fato. Mas sempre que colocado para Deus, significa reverência, respeito. É
saber que Deus é grande infinitamente, um Deus tão grande a ponto de ser
misericordioso, amoroso. O dom do temor não afasta o homem de Deus, mas leva-o
a buscá-lo de coração sincero. Em Dt 5,29 diz: “Oxalá o seu coração fosse
sempre assim, para temer-me e observar continuamente todos os meus
mandamentos”. Parece que o AT coloca o Temor de Deus em relação à retribuição:
“tema a Deus e serás sábio, tema a Deus e serás feliz”. Mas não é bem assim, a
sabedoria, a felicidade, o coração puro deve sempre ser consequência natural da
vivencia e da prática de um dom. Ou seja, eu não posso temer o Senhor só para
conseguir algo na minha vida de que necessito. Não! Se assim for, será uma
troca, um escâmbio da fé! Deus não tem nenhum produto a venda muito menos em
troca! A religião não pode se tornar um supermercado onde eu vou e compro o que
eu desejo de bom. Vemos no Ecle 12,13 a seguinte passagem: “de tudo o que se
ouviu o resumo é este: Tema a Deus e observe seus mandamentos, porque esse é o
dever de todo homem”. Aqui cabe uma reflexão sobre o homem. O ser humano
pós-moderno está perdido, sem rumo, sem norte, sem um porto seguro. E por que
de tudo isso? Não precisa fazer uma análise da realidade para podermos abordar
este tema. Os paradigmas estão caindo! Há quem diga que as grandes instituições
estão em crise: a família-pai e mãe, a Igreja-clero, a escola-corpo docente, a
política... e assim vai. A mensagem da “primeira evangelização” está caindo no
esquecimento! E os que ouvem hoje não dão tanta importância ao Anúncio! Um
exemplo que o Querigma (o Anúncio do
Evangelho) hoje não tem tanta aceitação é comprovado pelo que o nosso bispo,
dom Ottorino falou-nos na missa do DNJ em Santa Luz: “onde estão os mais de
10,000 jovens que eu crismei”?, perguntava o bispo. Que lugar Deus está
ocupando na minha vida? Parece que em nossos corações existe uma seca de Deus.
Como superar essa seca de Deus? O Documento de Aparecida nos fala muito bem.
Devemos começar, quem já conhecem Cristo, como discípulos missionários do
Mestre. Fazer mesmo a experiência de Deus e com Deus! E será o Espírito Santo
quem irá nos mover. E para os anunciadores, os discípulos missionários que já
tiveram um experiência profunda, devem sair das estruturas caducas. Das paredes
descascadas pelo tempo, dos salões desaconchegados, e ir ao encontro, tanto da
ovelha perdida, como daqueles que ainda não fazem parte do rebanho do Senhor. O
temor do Senhor deve nos levar a fazer uma experiência única com Deus. O mundo
hoje ou será místico ou não será nada. Aliás, o teólogo Karl Rahner diz que “o
cristão do futuro será um místico, ou não existirá mais”. O místico é aquele
que ouve Deus, fala com Deus, contempla Deus. Experimenta-O. E como fazer isso
hoje? Este é um outro tema. Numa outra oportunidade.
O dom do Temor de Deus
será importante justamente para a nossa relação amorosa e filial com o Pai. Demos
mais um passo: em Pr 9,10 diz: “O princípio da sabedoria é o Temor de Deus”.
Todo aquele que teme ao Senhor, vive sabiamente. E nós precisamos ser sábios,
que vai muito além de intelectual.
Em Pr 15,33 diz: “O temor do Senhor é uma
escola de sabedoria”. No livro de Jó 28,28 diz: ‘a sabedoria consiste em temer
ao Senhor’; Pr 10,27 diz “O Temor do Senhor prolonga os dias”. Depois no cap.
14, 26-27 diz: “No Temor do Senhor está a segura confiança, esperança para os
filhos. O temor do Senhor é a fonte de vida que afasta os laços da morte”. No
Eclo 6,16 fala: “Amigo fiel é bálsamo de vida; os que temem o Senhor vão
encontra-lo”.
TEMOR DO SENHOR NA IGREJA PRIMITIVA
Temor do Senhor não
como obrigação de viver a Lei.
Temor do Senhor para
purificar da carne e do espírito: viver a santidade. A Igreja primitiva vivia
muito bem isso: uma nova maneira de viver o querigma, não mais andando com os
gentios cf. 1Pe 1,14. E cf. Ef 4,17. A nova maneira de viver testemunhando a
ressurreição é a santidade no temor do Senhor. Viver no temor do Senhor será a
única maneira de não sair do seu caminho, da santidade: tema de São Paulo. 1Pe
1, 15-17. A vontade de Deus é a santificação para a qual Ele nos chamou, 1Ts
4,3.7. Barnabé na sua Epístola 11.11 diz: “Descemos até a água repletos de
pecados e sujeiras e subamos trazendo no coração o fruto do Temor e tendo no
espírito a esperança em Jesus”.
Temor do Senhor me leva ao compromisso com o outro,
com Deus, com o mundo, ou seja, com a minha comunidade.
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