“... Purificado o olhar de nossa fé, nos alegremos com
a visão da vossa glória.”
A Liturgia do Domingo passado – primeiro da quaresma –
nos apresentava o caminho que devemos fazer para a Páscoa em Jerusalém com
Jesus.
A Liturgia de hoje – rica de significados – nos apresenta,
de forma a Theofania, de maneira especial na Primeira Leitura e no Evangelho. Na
Primeira Leitura e no Evangelho, Deus desce. Enquanto que na Segunda Leitura, a
Igreja se esforça para permanecer firme no Senhor buscando sempre as coisas do
Alto. O Céu.
Deus desceu para fazer uma aliança com Abrão. Uma aliança
e uma promessa: a Terra. A promessa foi para os descendentes.
No Evangelho, temos a presença de Jesus, depois a sua descendência:
Pedro, João e Tiago: a Comunidade; temos ainda a presença dos Profetas e da Lei
e do próprio Deus. Isso se dá no monte e em oração. (Irmãos, aqui é o nosso
monte! O seminário é o lugar da Theofania, da manifestação, da revelação de
Deus! Essa revelação nos é dada de forma contínua. Seminário: monte e lugar de
oração).
Do monte, Deus revela o caminho que Jesus tem que
fazer: o sofrimento e a morte em Jerusalém. Os representantes da Lei e dos
profetas falam do Êxodo de Jesus, um êxodo para a morte libertadora. O que é a
Páscoa de Jesus senão o “grande acontecimento libertador para o novo
testamento?
O que Jesus passou na transfiguração, nós também devemos
passar. Não podemos dizer que seremos transfigurados somente no futuro, na
nossa morte. A transfiguração acontece aqui, hoje. Tem que ser a transfiguração
do coração: num desejo e num ato de conhecer e imitar a Cristo, de
transformar-se em Cristo.
Bom, plagiando a pergunta de Padre Cantalamessa: “Quem
é e como se apresenta o homem transformado em Cristo?
É aquele que vive do Evangelho! Que trabalha não pelo
alimento que perece, mas pelo que dura a vida toda – que é o próprio Cristo. É aquele
que tem uma única finalidade: fazer a vontade do Pai! É aquele que vive segundo
o Espírito e não a mecanicidade. É aquele que dá a vida pelos irmãos, que à sua
frente caminha a misericórdia. O cristão Cristo é aquele que não se preocupa
com os elogios, com os aplausos, com os reconhecimentos, muito menos com o salário
ou que Paróquia vai servir! Importa sim, para ele, a missão, o estar com o
povo, carregar a ovelha cansada e ferida e no final do dia dizer: fizemos que
devíamos fazer: somos apenas servos!
O Evangelho de hoje, nos apresenta este monte. Este
lugar de oração. Em que Jesus se transfigura e vai em direção à cruz. O nosso
Êxodo – morte – é para algum lugar: Jesus foi para Jerusalém. Vocês vão também cada
um para a sua Jerusalém. Mas antes é necessário viver a experiência do conhecer
– do imitar – e de viver a eucaristia constante na nossa alma. Amém!
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