sábado, 14 de junho de 2014

Santíssima Trindade, Conhecer para Amá-la!

Santíssima Trindade


“Ó abismo da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus! Como são insondáveis seus juízos e impenetráveis seus caminhos! Quem, com efeito, conheceu o pensamento do Senhor? Ou quem se tornou seu conselheiro? Ou quem primeiro lhe fez o dom para receber em troca? Porque tudo é dele, por ele e para ele. A ele a glória pelos séculos! Amém”. (Rm 11, 33-36).
Sobre a Santíssima Trindade, começo com um pensamento do século IV de Santo Atanásio, bispo, que diz assim: “não podemos perder de vista a tradição, a doutrina e a fé da Igreja Católica, tal como o Senhor ensinou, tal como os apóstolos pregaram e os Santos Padres transmitiram.” A doutrina da Igreja de Cristo não é um passa tempo para intelectuais, nem um mero e simples “devocionismo popular”, mas é a doutrina, o ensinamento das coisas sagradas, daquilo que contemplaremos na eternidade. Continua Santo Atanásio, “cremos na Trindade santa e perfeita, que é o Pai, o Filho e o Espírito Santo; nela não há mistura alguma de elemento estranho; não se compõe de Criador e criatura; mas toda ela é potencia e força operativa; uma só é a sua natureza, uma só é a sua eficiência e ação.”
Sobre a Trindade, o Concílio Lateranense afirma que: “cremos firmemente e afirmamos simplesmente que há um só verdadeiro Deus eterno, imenso e imutável, incompreensível, todo-poderoso e inefável, Pai, Filho e Espírito Santo: Três Pessoas, mas uma Essência, uma Substância ou Natureza absolutamente simples”(CIC 202). Logo, como diz Santo Agostinho, a Trindade é Deus e Deus é a Trindade. O Catecismo da Igreja no nº 249 diz que “a verdade revelada da Santíssima Trindade esteve desde as origens na raiz da fé viva da Igreja, principalmente por meio do Batismo”. “Para a formulação do dogma da Trindade. A Igreja teve de desenvolver uma terminologia própria, recorrendo a noções de origem filosófica: ‘substância’, ‘pessoa ou hipóstase’, ‘relação’ etc.” (CIC 251).
“Foi Tertuliano quem criou o termo trínitas em latim. Ele elaborou a forma ‘uma substância em Três Pessoas’”. Assim podemos compreender melhor a Trindade conhecendo a sua Gramática: “uma natureza, ou essência: divina; duas processões: filho e Espírito, três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; quatro relações: paternidade, filiação, espiração ativa e espiração passiva; Cinco noções: inascibilidade, paternidade, filiação, espiração ativa e espiração passiva”. Aqui compreendemos toda a Trindade até aonde permite a nossa razão. Pois no final de tudo, quando a capacidade humana racional se esgotar diante de tamanho mistério, entrará o silêncio contemplativo.
Para compreender a Santíssima Trindade podemos resumir sua doutrina “em seis proposições, que desvelam toda a sua complexidade: 1. O Pai é Deus e, invertendo, Deus é o Pai; 2. O Filho é Deus e Deus é o Filho; 3. O Espírito Santo é Deus e Deus é o Espírito Santo. E agora, de modo negativo, para não deixar dúvidas quanto à sua distinção das Pessoas; 4 O Pai não é o Filho nem o Espírito Santo; 5. O Filho não é o Pai nem o Espírito Santo; e 6. O Espírito Santo não é o Pai nem o Filho” (GRINGS, 1999, p. 105).
Vemos assim que o Pai é somente o Pai, que o Filho é somente o Filho e que o Espírito Santo é ele mesmo. Santo Agostinho diz: “o Deus verdadeiro não é somente o Pai, mas o Pai, o Filho e o Espírito Santo” (AGOSTINHO, A Trindade, 1994, p. 227). Na Trindade a matemática perde sua lógica, pois Três são Um.

Referências:

AGOSTINHO, Santo. A Trindade. São Paulo: Paulus, 1994.
BÍBLIA DE JERUSALÉM. Nova edição, revista e ampliada. Português. São Paulo: Paulus, 2004.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Loyola, 1999.

GRINGS, Dadeus. Creio na Santíssima Trindade: jubileu do ano 2000. Aparecida: Editora Santuário, 1999.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Brasil, País antagônico: Copa do Mundo.

COPA DO MUNDO


Hoje começa a Copa do Mundo. O Brasil é privilegiado por ser o País que tal evento acontecerá. Copa do Mundo enquanto esporte é uma arte e uma alegria para milhões de pessoas no Mundo todo. O Papa Francisco na sua mensagem para a Copa do Mundo, disse que é um evento de solidariedade entre os povos. É um momento oportuno para o diálogo entre as Nações.
Contudo não podemos esquecer que o Brasil correu contra o tempo para construir estádios para os jogos; que procurou atender as exigência da FIFA. Só poderão ir aos estádios aquelas pessoas que têm condições. A Copa do Mundo é para ricos... Pobres assistirão em casa pela sua TV comprada a prestação.
O Brasil é uma realidade antagônica. Enquanto mostra a bela construção de estádios, bem perto, a poucos quilômetros deles aparecem, como pano de fundo, as favelas...
Seria bom ter Copa do Mundo todo ano no Brasil...
Mas, a parte essa realidade, vamos curtir a beleza do ESPORTE e construir um mundo mais humano e solidário, como disse o Papa Francisco. Que a Copa do Mundo não nos faça esquecer dos que estão à margem da sociedade, nas periferias e, também, periferias existenciais...





Mensagem do Papa Francisco para a Copa do Mundo

Martírio de Estevão (At 7, 51-60)

Martírio de Estevão



O martírio de Estevão se deu, como foi visto, por causa do seu testemunho de fé em Jesus Cristo. A sua morte é, na verdade, “o ponto máximo da repressão judaica”[1] contra os apóstolos. Esta perícope (Lc 7,55-8,1a) revela uma profunda espiritualidade daquele que é o primeiro mártir da história do cristianismo. Conforme At 7,55, “ele estava cheio do Espírito Santo”, ou seja, o Espírito Santo estava presente com grande poder, a ponto de possibilitar a Estevão “um momento gostosíssimo da glória celestial.”[2] Ao ver a “glória de Deus”, Estevão contempla aquilo que os israelitas viam no deserto, quando Deus mostrava sua glória na libertação do Egito. Neste sentido, o mesmo Deus que estava com o povo judeu, agora está com a Igreja – povo de Deus – nascente.
Estevão começa o seu discurso falando “do Deus da glória (7,22), e termina o seu discurso tendo uma visão dessa glória, pertencente ao Filho do Homem”.[3] A postura de Cristo ao lado do Pai, na hora do martírio, reflete uma postura de quem está na qualidade de testemunha do ato cruento.
Estevão faz questão de falar que vê o “céu aberto e o Filho do Homem à direita de Deus.” Isto revela que Cristo está reinando e que o Pai juntamente com o Filho expira o Espírito Santo para zelar e governar a sua Igreja. O sangue do primeiro mártir é fonte de vida nova para a Igreja nascente. Contemplado com tão bela visão, ele faz questão de testemunhá-la, o que provocou a ira dos judeus. A precipitação violenta do povo contra Estevão, mostra mais uma vez a manipulação das autoridades judaicas contra a obra divina. A maneira como é morto o primeiro mártir é idêntica à de Cristo. Aqueles algozes, impulsionados pela inveja, tornaram-se selvagens, bem diferentes de um filho de Deus. A maldade caiu sobre o amor. Não houve julgamento justo e leal; não houve decisão judicial “formalmente proferida”.[4]
Saulo estava por perto (7,58), vendo tudo e aprovando, pois ainda perseguia os cristãos, e recebe e suas mãos as vestes de Estevão, bem como os seus objetos de valores pessoais. Sem dúvida, Paulo, no início de sua caminhada, foi culpado de muitos crimes contra os cristãos (At 9,13-14). O texto diz que Saulo era jovem, mas essa expressão “pode referir-se a um homem até à idade de quarenta e cinco anos”.[5]
A invocação de Estevão para Deus receber o seu espírito, está em conformidade com aquela feita por Cristo na cruz. Uma bela expressão de confiança diante da própria visão que tivera. O céu é o prêmio que a coroa do martírio possibilita, como o próprio nome de Estevão, em “grego Stephanos, que significa coroa.”[6] E antes de morrer, pede perdão para os seus algozes, pois são ignorantes, não sabem o que estão fazendo. O perdão é um dom manifestado por Cristo, e Estevão agora coloca em prática. O amor supera a rebeldia.




[1] FABRIS, 1991, p. 145.
[2] CHAMPLIN, 2002, p. 164.
[3] Ibidem, p. 165.
[4] Ibidem, p. 165.
[5] Ibidem, p. 166.
[6] BOGAERT et al, 2013, 483.


Referências:

BÍBLIA DE JERUSALÉM. Nova edição, revista e ampliada. Português. São Paulo: Paulus, 2004.
BOGAERT, Pierre-Maurice, et al. Dicionário Enciclopédico da Bíblia. São Paulo: Paulus; Loyola; Paulinas; Academia Cristã, 2013.
CHAMPLIN, R. Norman. Novo Testamento: versículo por versículo. v. 3: Atos, Romanos. São Paulo: Hagnos, 2002.
FABRIS, Rinaldo. Os Atos dos Apóstolos. v. 3. São Paulo: Loyola, 1991.


Permanecer em Jesus - Tronco que dá vida aos Ramos: Igreja.

Permanecer em Jesus


Jesus, a videira verdadeira (15,1-17), é uma perícope dividida em dois blocos: a primeira parte é uma alegoria e a segunda parte uma explicação. Para compreender melhor, os caps. 15–17 parecem estar em desarmonia como se fossem colocados no Evangelho mais tarde, pois o cap. 14,31 termina com um convite de Jesus para sair e ir para outro local, que pode ser compreendido no cap. 8,1ss. Mas é um fragmento próprio de João, com característica própria do evangelista. Estes capítulos, na verdade, é mais um discurso de despedida.
O texto da Videira pode ser dividido segundo Fabris e Maggioni da seguinte forma: “a alegoria da vide e os ramos (vv. 1-6) e um discurso explicativo (vv. 7-17)”.[1] Jesus começa a sua pregação dizendo que ele é a “videira verdadeira”, mas com a expressão ego eimi: eu sou. Outras afirmações análogas desse tipo já foram feitas: eu sou o pão, eu sou o caminho, eu sou a luz. No caso da videira, ele dá ênfase na verdade: eu sou a videira verdadeira, diferente de outros que surjam, ou mesmo diferenciando a antiga aliança com a Nova Aliança em seu nome. Também é muito provável que “Jo pretende opor-se às propostas do sincretismo helenista, que exerce fascínio sobre os seus contemporâneos”.[2]
É do conhecimento de todos que o tema da videira já era apresentado no AT com determinada importância por Is 5,1-7. Neste contexto, a vinha, logicamente, é Israel, a esposa do Senhor. Porém, a esposa trai o seu amado, e torna-se seca e improdutiva. Da sua vinha, Deus disse: “arrancarei a sua cerca para que sirva de pasto”(Is 5,5). Diferente do antigo Israel, em Jesus é possível ter uma vinha verdadeira e que produza frutos bons e agradáveis.
Se Jesus é a videira, a Igreja – povo de Deus – são os ramos. E para que a Igreja dê bons frutos ela deve permanecer unida, íntima, em plena comunhão com o tronco. Caso contrário, o Pai que é o zelador (v. 2.) cortará e jogará fora aqueles ramos que não servem. Neste sentido, dar frutos é fazer a vontade de Jesus e do Pai, não dar frutos significa uma vida toda no pecado, fora da comunidade eclesial. Para o evangelista, a permanência é recíproca, contudo, da parte de Jesus esta permanência é segura e honesta, já da parte dos membros nem sempre.  “Critério do juízo são os frutos: o ramo frutífero é podado, mas o ramo estéril é queimado. Mais profundamente, o critério do juízo é o permanecer em Cristo, isto é, a mais absoluta dependência”.[3] O v. 10 vai dizer que permanecer em Jesus é permanecer no seu amor e guardar os seus mandamentos. Este ato de permanecer se dá da seguinte forma: Cristo é o mediador entre o Pai e os discípulos, ou seja, aquele que proporciona a comunhão entre a eclesia e a Trindade. Logo, “estar unido a Cristo como ramo à videira significa estar inserido no seu amor, que tem sua vertente na comunhão do Pai e do Filho (v.9)”.[4]
O amor é a maior expressão de unidade e de comunhão entre a própria Igreja e desta com o seu Mestre. De fato, a comunidade dos crentes, dos discípulos é o lugar do amor. A Igreja, neste sentido, sabe que “somente a entrega aos outros pode dar a certeza de ser objeto do amor de Deus. Este é o critério que discerne a autenticidade da experiência interior”.[5]
Concluindo, é possível dizer que: permanecer unido à videira verdadeira e dar bons frutos é fazer a vontade do Pai e do Filho pela força do Espírito Santo praticando e expressando os mandamentos de forma amorosa na comunidade. Cristo quer uma Igreja em comunhão, em harmonia uns com os outros, em plena alegria (v. 11), e os mandamentos serão a garantia dessa realização.






[1] FRABIS; MAGGIONI, 2006, p. 428.
[2] Ibidem, p. 429.
[3] Ibidem, p. 431.
[4] Ibidem, p. 433.
[5] MATEOS; BARRETO, 1999, p. 651.


Referências:

BÍBLIA DE JERUSALÉM. Nova edição, revista e ampliada. Português. São Paulo: Paulus, 2004.
FABRIS, Rinaldo; MAGGIONI, Bruno. Os Evangelhos II. ed. 4. São Paulo: Edições Loyolas, 2006.
INTERLINEAR, grego-português, Novo Testamento. Barueri: Sociedade bíblica do Brasil, 2004.
MATEOS, Juan; BARRETO, Juan. O Evangelho de São João: análise linguística e comentário exegético. ed. 2. São Paulo: Paulus, 1999.