Santíssima Trindade
“Ó abismo da riqueza,
da sabedoria e da ciência de Deus! Como são insondáveis seus juízos e impenetráveis
seus caminhos! Quem, com efeito, conheceu o pensamento do Senhor? Ou quem se
tornou seu conselheiro? Ou quem primeiro lhe fez o dom para receber em troca? Porque
tudo é dele, por ele e para ele. A ele a glória pelos séculos! Amém”. (Rm 11,
33-36).
Sobre a Santíssima
Trindade, começo com um pensamento do século IV de Santo Atanásio, bispo, que
diz assim: “não podemos perder de vista a tradição, a doutrina e a fé da Igreja
Católica, tal como o Senhor ensinou, tal como os apóstolos pregaram e os Santos
Padres transmitiram.” A doutrina da Igreja de Cristo não é um passa tempo para
intelectuais, nem um mero e simples “devocionismo popular”, mas é a doutrina, o
ensinamento das coisas sagradas, daquilo que contemplaremos na eternidade.
Continua Santo Atanásio, “cremos na Trindade santa e perfeita, que é o Pai, o
Filho e o Espírito Santo; nela não há mistura alguma de elemento estranho; não se
compõe de Criador e criatura; mas toda ela é potencia e força operativa; uma só
é a sua natureza, uma só é a sua eficiência e ação.”
Sobre a Trindade, o
Concílio Lateranense afirma que: “cremos firmemente e afirmamos simplesmente
que há um só verdadeiro Deus eterno, imenso e imutável, incompreensível,
todo-poderoso e inefável, Pai, Filho e Espírito Santo: Três Pessoas, mas uma
Essência, uma Substância ou Natureza absolutamente simples”(CIC 202). Logo,
como diz Santo Agostinho, a Trindade é Deus e Deus é a Trindade. O Catecismo da
Igreja no nº 249 diz que “a verdade revelada da Santíssima Trindade esteve
desde as origens na raiz da fé viva da Igreja, principalmente por meio do
Batismo”. “Para a formulação do dogma da Trindade. A Igreja teve de desenvolver
uma terminologia própria, recorrendo a noções de origem filosófica: ‘substância’,
‘pessoa ou hipóstase’, ‘relação’ etc.” (CIC 251).
“Foi Tertuliano quem criou o termo trínitas em
latim. Ele elaborou a forma ‘uma substância em Três Pessoas’”. Assim podemos
compreender melhor a Trindade conhecendo a sua Gramática: “uma natureza, ou essência: divina; duas processões: filho e Espírito, três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; quatro relações: paternidade, filiação, espiração ativa e espiração
passiva; Cinco noções:
inascibilidade, paternidade, filiação, espiração ativa e espiração passiva”. Aqui
compreendemos toda a Trindade até aonde permite a nossa razão. Pois no final de
tudo, quando a capacidade humana racional se esgotar diante de tamanho
mistério, entrará o silêncio contemplativo.
Para compreender a Santíssima Trindade podemos
resumir sua doutrina “em seis proposições, que desvelam toda a sua
complexidade: 1. O Pai é Deus e, invertendo, Deus é o Pai; 2. O Filho é Deus e Deus
é o Filho; 3. O Espírito Santo é Deus e Deus é o Espírito Santo. E agora, de
modo negativo, para não deixar dúvidas quanto à sua distinção das Pessoas; 4 O
Pai não é o Filho nem o Espírito Santo; 5. O Filho não é o Pai nem o Espírito Santo;
e 6. O Espírito Santo não é o Pai nem o Filho” (GRINGS, 1999, p. 105).
Vemos assim que o Pai é somente o Pai, que o Filho é
somente o Filho e que o Espírito Santo é ele mesmo. Santo Agostinho diz: “o Deus
verdadeiro não é somente o Pai, mas o Pai, o Filho e o Espírito Santo”
(AGOSTINHO, A Trindade, 1994, p. 227). Na Trindade a matemática perde sua
lógica, pois Três são Um.
Referências:
AGOSTINHO, Santo. A Trindade. São Paulo: Paulus, 1994.
BÍBLIA DE JERUSALÉM. Nova edição, revista e
ampliada. Português. São Paulo: Paulus, 2004.
CATECISMO
DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Loyola, 1999.
GRINGS, Dadeus. Creio
na Santíssima Trindade: jubileu do ano 2000. Aparecida: Editora Santuário,
1999.