A FÉ PRECEDE A MORAL
Não é difícil perceber que vivemos em um
período de apatia no que tange à catequese. Os nossos adolescentes e jovens
sonham com o dia da crisma não pela recepção do sacramento que os confirma na
fé, mas para se sentirem libertos de uma catequese frequentemente enfadonha,
com pouca chama de Vida.
Somos tentados a procurar “bodes
expiatórios”, sobre os quais possamos colocar a culpa de tal problema: os
catequistas, que não têm a devida formação; os padres, que não se preocupam e
sequer visitam as salas de catequese; o bispo, que só aparece no dia da crisma
dando bronca em todo mundo... Todos esses problemas podem ser reais e precisam
mesmo ser resolvidos com urgência.
Em algumas paróquias, procura-se fazer
uma boa conscientização dos jovens acerca das suas responsabilidades
pós-crimais; da importância de colaborar com a Igreja após o sacramento da
maturidade, etc. Outras incentivam a prática de uma espécie de “estágio” em uma
pastoral específica durante o curso crismal, para que os crismandos de adaptem
ao compromisso que deverão assumir. Tudo isso é bom e necessário, porém não
consegue conter a enorme evasão pós-crisma.
A mim parece que para além dos problemas
que já foram citados, há um que frequentemente passa despercebido: apresentamos
uma moral (muitas vezes muito rígida) em vez de uma pessoa: Jesus Cristo. Expomos
um conjunto de deveres dos que serão crismados e esquecemos do anúncio
essencial: encarnação, vida, paixão, morte e ressurreição de Cristo. Não quero
dizer que a moral não seja importante, mas somente que ela deve ser um dos
resultados do encontro com Jesus e não o objeto da nossa educação católica.
Neste ínterim, podemos concluir que
enquanto não desenvolvermos uma catequese mais mística, que promova o encontro
pessoal com Cristo, continuaremos fracassando. Se não apresentarmos a PESSOA de
Jesus nas nossas catequeses, nunca conseguiremos que os nossos catequizandos
tenham um encontro íntimo com o Deus e o seu “pater ’emon” (Pai nosso) não será uma expressão de relação estreita
de um filho com o pai, mas simplesmente uma oração que eles são obrigados a
decorar se quiserem receber os sacramentos.
Se queremos salvar a Igreja, comecemos salvando
a catequese!Rodrigo Santos de Oliveira